Ode aos emoji

Estive aqui a pensar (mentira, estava no carro quando aconteceu) e apercebi-me de que por mais frívolos, superficiais e opacos que os novos meios de comunicação nos tenham tornado (ou ameacem tornar), ganhámos graças a esta revolução toda uma linguagem que, verdade seja dita, eleva a expressividade a um potencial nunca antes visto.

Estou a falar disto: 🤤 [tão, tão multifacetado, diosmio: gula, gula da Gyllenhaal, estado constante de diversas pessoas-zombie que não nomearei]

E disto: 🤣 [‘lol’, quem és tu, ser minúsculo?]

E disto: 🤦🏻‍♀️ [para quê revirar os olhos até ao infinito, quando o que queremos mesmo é agredir a testa, enquanto murmuramos F……]

Anteriormente, tínhamos isto:

:)

E vá, na loucura, isto:

xD e \m/

Sou honesta e digo sem medos que adoro.

Eu, que perante a perspetiva de um abraço ou mão no ombro de um semi-conhecido ou amigo-não-super-próximo dou involuntariamente uma ordem aos meus músculos para se contraírem e desligo metade do cérebro (i’m working on it, juro), tenho assim uma nova forma de compensar toda esta minha quasi-incapacidade de receber tranquilamente o afeto físico amigável e mostrar a esta população que sim, gosto deles, só (ainda) não consigo estar mais do que dois segundos em contacto.

E a verdade é que dizer ‘estou triste’ não chega aos calcanhares disto: 😔

E nunca tanto amor foi expressado desde que usamos e abusamos de: 😘😻 [O gato. Ohmeudeus, o gato!]

Nem nunca agradecemos com tanta intensidade como agora: 🙏🏻🙏🏻🙏🏻

Deixo-vos com esta (para mim, doce) reflexão e ̶u̶m̶ ̶a̶b̶r̶a̶ç̶o̶ os meus preferidos de sempre (se já os receberam, é porque estão aqui ❤️):

🐣🌈

P.S.: Se calhar devíamos era escrever (com LETRAS!) (e, dare i, falar?) mais e de forma mais transparente, mas entre o devíamos e o fazemos está um fosso do tamanho do meu amor pelo Harry Potter. Comemos por algum lado, vá.