Clap clap

Fico sempre altamente impressionada com as pessoas que conseguem assoar-se à lá trombone. Acho verdadeiramente que é um super poder e que essas pessoas devem ser veneradas. Eu no máximo consigo fazer um fffff acentuado, nada de PPPFOOOOOONNNNs de elevada potência e capacidade intimidante.

13h

De vez em quando, Rita trazia almoço de casa.
Chegadas as 13h, dirigia-se para a larga copa, de pequenas mesas redondas e cadeiras de pé alto. Discretamente, aquecia o seu prato e comia na quietude da sua mesa, concentrada em manter uma postura correcta e comer delicadamente.
A melhor parte do almoço não era a comida caseira, nem o pensamento de poupança. A parte mais suculenta eram as outras pessoas. Os outros seres que também traziam almoço de casa e comiam reunidos em pequenas manadas espalhadas em torno das mesas. Assim, sempre que levantava o olhar, Rita observava a senhora que comia, de rabo descuidamente sentado no estreito banco, revelando mais do que as suas calças deveriam permitir. A senhora que sugava o pedaço de um animal não identificado, enquanto o segurava com os dedos, sem medo nem pudor. A senhora gorduchinha que, na felicidade de ter trazido um mini-chocolate para sobremesa, lambia caninamente o invólucro, enquanto os seus olhos um pouco esbugalhados seguiam ansiosamente a conversa que decorria na mesa.

Rita, que observava, sentindo-se simultaneamente repudiada e incapaz de parar de olhar, pensou para consigo amanhã trago almoço outra vez.

Guilty

Sou certamente culpada de muitas coisas terríveis, mas nenhuma me deixa tão envergonhada como o facto de ter vindo, agora mesmo, no carro a cantar, ao som da m80, o Sexual Healing do Marvin Gaye.

Não sei o que é mais grave... Se é ter vindo a vir ouvir m80, se é saber quem é o Marvin Gaye ou ainda se é ter vindo a cantar toda a canção, quando só sei mesmo a parte do i need sexual heeealing (o que é que eu balbuciei durante o resto da música? não sei, nem quero pensar).

E assim me deito.